Quem diz isto é o presidente do Conselho Estadual de Contabilidade, Flávio Azevedo Pinto, que fala de outras vantagens da profissão

A primeira providência de quem pretende se tornar empresário é abrir uma empresa, certo? – Errado. Este deve ser o último passo. Antes de dar vida ao negócio, o futuro empresário deve desenvolver uma série de atividades, tais como: análises de mercado através de pesquisas, estudar público alvo e fazer um consistente plano de negócios. Infelizmente nem sempre á assim que acontece. Na prática, depois de abrir a empresa é que o “empreendedor” vai aprender a ser empresário. Exatamente por isto é que muitos negócios não chegam a viver 12 meses no Brasil.

Um dos profissionais mais importantes que está ajudando a mudar este quadro é o Contador. Afeito a estudos minuciosos de dados e com habilidade para trabalhar com estatísticas e números, o profissional de contabilidade está ocupando lugar de destaque na gestação e gestão das empresas no país.

Além do amadurecimento dos empresários, que estão se valendo cada vez mais dos profissionais de contabilidade para fazer prosperar seus negócios, deve-se levar em consideração ainda que o Estado vem melhorando seu aparelho de fiscalização, funcionando como uma ameaça constante aos que não estiverem bem assessorados na área contábil.

“O curso de Contabilidade da Fabic é uma vitória para empresários e empreendedores em geral que atuam na região do Bico do Papagaio”. Assim opinou o presidente do Conselho Regional de Contabilidade – CRC, Flávio Azevedo Pinto, em entrevista exclusiva ao jornal Voz do Bico. Ele recebeu nossa reportagem no início da tarde do dia 28 de junho, na sede do Conselho, em Palmas. Confira os pontos altos da entrevista:

VOZ – Como o Conselho está vendo o momento do profissional de contabilidade no Tocantins?

FLÁVIO – Estamos melhorando a cada dia. Nossa entidade tem em torno de 2000 mil sócios e mantemos um contato estreito com nossos profissionais, ajudando a aperfeiçoá-los constantemente através de cursos. Na nossa área, não dá pra ficar parado. A legislação muda muito e precisamos estar sempre atentos às novidades.

VOZ – Como o senhor vê os cursos superiores de contabilidade no Tocantins?

FLÁVIO – Acho um grande avanço. Há pouco tempo atrás eram raros os profissionais em nossa área que tinham curso superior. Hoje a realidade é outra. A metade de nossos associados já fez faculdade e um outro tanto está cursando. Nós do CRC acompanhamos de perto nossas faculdades e ajudamos sempre que somos solicitados.

VOZ – O que senhor pensa sobre a oferta do curso de contabilidade na Fabic, região do Bico do Papagaio?

FLÁVIO – Vejo com muita satisfação. É uma região emergente e já está em déficit de profissionais de nossa área. A faculdade está dando dá o ponta-pé inicial. No Bico ainda temos muitos problemas e precisamos de serviço qualificado.

VOZ – Como está o mercado de trabalho para o contador no Tocantins?

FLÁVIO - Qualquer pessoa que trabalha mesmo com contabilidade não fica desempregada. E não é só aqui no Tocantins, é em todo o país. Tem muitas atividades a serem feitas pelo contabilista e as empresas, que estão a cada dia se modernizando, precisam muito de nossa ajuda. Outra coisa interessante que a gente percebe é que o mercado está à procura de estudantes do curso de contabilidade para estágios, principalmente em bancos e empresas de médio porte.

VOZ – Por que?

FLÁVIO – porque o perfil das pessoas que estudam contabilidade é a organização, a discrição, o gosto por estatística, pelos números.

VOZ – Quais outras atividades o contador pode desenvolver nos dias atuais?

FLÁVIO - Tem serviço na área de contabilidade empresarial, nas universidades como professor, controler em grandes empresas, que é quem resume todas as informações contábeis para planejar e auxiliar o gestor em suas decisões. Estes, normalmente estão entre os profissionais que possuem os maiores salários atualmente. Tem também trabalho em auditorias, perícias e investigações.

VOZ – O senhor entende que é proveitoso um contador trabalhar ao mesmo tempo para várias empresas?

FLÁVIO – Por enquanto é assim que funciona. Mas o perfil das empresas está mudando. Eu percebo que cada vez mais o contador está sendo chamado para trabalhar acompanhando a administração, quase que exclusivo, exatamente porque a importância de nossa atividade está aumentando. Estamos deixando de fazer a contabilidade propriamente dita para sermos consultores de diretoria. Isto exige mais do contabilista e vai abrir novas frentes para desenvolvermos nosso trabalho, com novas vagas no mercado que não pára de crescer.

VOZ – O que o senhor diria para quem está indeciso se vai cursar contabilidade ou não?

FLÁVIO – Aconselho ao jovem fazer um auto-exame para saber se gosta de trabalhar com números. Se não tem aptidão, se não gosta, não deve fazer contabilidade, porque a profissão vai exigir isto dele e, se não gostar, não será um profissional de destaque no mercado. O que eu acho mais importante é dizer a estas pessoas que estão em busca de uma profissão e que pensam na contabilidade como uma alternativa, é que eu não conheço um só contador sem trabalho. Tem formado em contabilidade sem trabalhar, isto tem. Mas estas são as pessoas que não fizeram o auto-exame de que falei. Entre os que decidiram conscientemente por esta profissão não conheço ninguém sem trabalho. Se vai saber ganhar bastante dinheiro é outra história, até porque isto envolve outras coisas, como o saber ganhar e o saber gastar. Tem gente que ganha muito dinheiro, mas não consegue fazer este dinheiro aparecer em forma de patrimônio.